sábado, 11 de julho de 2009

"Não se nasce mulher: TORNA-SE"

Por Isis Diniz do blog "Xis-Xis"

Domingo frio desses fui ver o monólogo atuado pela Fernanda Montenegro “Viver sem tempos mortos”, patrocinado pela Mapfre Seguros. Além de ótima companhia comigo, observar a atriz interpretar Simone de Beauvoir a poucos metros de distância é um presente para contar aos netos.
Antes da peça começar, Fernanda Montenegro fixou o olhar na platéia por minuto. Tão brilhante, penetrante. Ela parecia ouvir os inquietos pensamentos. Abaixei a cabeça e abri um sorriso envergonhado. Será que alcançou meus sentimentos mais profundos?
Se não aquele momento, até o final do monólogo, com certeza.
A peça, com cerca de uma hora, se passa em um cenário suficiente. Sobre o chão de tábua, uma cadeira de madeira. Em cima, uma luminária preta gera luz quadrada.
A atriz, de cabelos presos, usa pouca maquiagem que reforça os olhos – parênteses: que cútis. Veste uma camisa branca, calça e sapatos pretos. Sentada na cadeira, semelhante a que Simone de Beauvoir pediu para ficar ao lado da sepultura de Jean-Paul Sartre, encarna a filósofa francesa.
Uma mulher escuta de outra – grande – mulher uma história de uma – grande – mulher. Eu já conhecia um pouco sobre a vida e obra de Simone – e de Fernanda -, mas o monólogo fez entender muito melhor essas duas representantes do sexo feminino.
Esses dias, como Freud indagou, me perguntaram no Twitter: “O que as mulheres querem?” A francesa pode não ter respondido diretamente à questão, mas por meio da peça encontrei em mim uma filosofia para a resposta.
A “personagem” Simone (1908-1986) era de uma família com boas condições financeiras. Estudou. No século passado (!), lutou pela liberdade de expressão. Principalmente, defendeu a liberdade das mulheres.
Ela optou por não ter filhos, manteve relacionamento “aberto” com o colega e amor Jean-Paul Sartre, se dedicou à escrita e às aulas.
Uma mulher bonita – vide foto ao lado tirada pelo americano Art Shay, em 1952 – e inteligente que discorreu sobre a existência. Procurou viver suas vontades e, ao mesmo tempo, entender a natureza humana.
Uma resposta definitiva parece – até para ela – impossível. Mas essa reflexão é essencial para nós próprios nos entendermos.
Após a peça, saí ainda com mais dúvidas sobre a vida, as pessoas e o que desejamos. Paradoxalmente, também me senti mais leve.
Encontrei uma Simone e um Fernanda dentro de mim. Uma mulher que sabe o que não quer. Hoje, na dúvida de qual ação tomar, a francesa é uma inspiração. “Viver é envelhecer, nada mais”, disse.
(reprodução)

4 comentários:

  1. Saloma,você é muito querido, obrigada por este novo espaço !!
    Beijos

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  2. Saloma, vc é um xibungo...huahuaaaaaaa

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  3. Primo, eu sei...mas sou bem bonitinho!
    he...he...

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  4. xéééé.

    Isso parece mais briga de 2 moleques.

    Parabéns pelo espaço meninas

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