quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Tabu pode significar diagnóstico tardio e risco de vida



Exame de sangue não substitui o toque retal; há cura em quase 100% dos casos
No Brasil, o câncer de próstata é a segunda maior causa de mortes por câncer entre a população masculina. Perde apenas para o câncer de pele não melanoma. Mas o medo e o preconceito ainda persistem quando o assunto é o exame de toque retal para a prevenção da doença. O teste sangüíneo, chamado de teste de PSA (antígeno específico de próstata), é encarado por muitos pacientes como uma opção ao exame de toque, mas estudos recentes revelam que a análise pelo sangue deixa de detectar 25% dos casos de tumores malignos na glândula.
Para um diagnóstico mais preciso em homens com mais de 40 anos, é necessário que haja as duas avaliações. "O PSA identifica em torno de 80% dos tumores que estão elevados. Acontece que, antes, nós só considerávamos preocupante o exame de sangue que indicassem níveis superiores do PSA, acima de 4 ng/ml (nanograma por mililitro). No entanto, as últimas pesquisas apontam que 10% dos pacientes que tiveram índices de PSA menores que 1 ng/ml tinham câncer na próstata", revela o urologista Edson Tranqüilo Artoni.
Esta nova preocupação trouxe mudanças na relação médico–paciente. "Antes, se o paciente apresentava PSA equivalente a 1 ng/ml, o médico dizia que ele estava tranqüilo. Mas ficou provado que a cada dez pacientes que apresentavam 1 ng/ml, um tinha o tumor. Por isso, o exame do toque se tornou ainda mais importante", destaca.

Diagnóstico

Os procedimentos para diagnosticar o tumor começam com a averiguação do nível PSA, passam pelo toque retal e, se houver alguma alteração, são realizados a ultra-som transretal e a biópsia da próstata – que é a retirada de fragmentos da glândula para uma análise, que apresentará um diagnóstico definitivo.
Edson Artoni acredita que os homens que procuram um especialista para a avaliação da próstata estão perdendo o medo e encarando o preconceito com a ajuda de suas mulheres. "Na maioria das vezes, o paciente vem acompanhado da esposa. Eu tive somente dois casos em que a pessoa não quis fazer de forma alguma o toque retal, entre os mais de 20 mil que já consultei", observa.
A conscientização é o fator preponderante para vencer medos e preconceitos. "A primeira coisa que o médico deve fazer é se esclarecer sobre a necessidade do exame. Antes, muitos diagnósticos eram realizados tardiamente. O câncer na próstata é potencialmente curável. Nos casos em que o tumor ainda é pequeno, do tamanho de uma ervilha, por exemplo, o médico retira a próstata e o paciente está curado", enfatiza.

Genética e dieta também são determinantes da doença


A função da próstata é produzir enzimas que digerem os coágulos dos espermas. Mas depois dos 40 anos, a glândula começa a dar problemas aos homens. "Além do câncer, também são comuns ipleblasia benigna e infecções, conhecidas como prostatite", explica o urologista.
As características genéticas são preponderantes como fator de risco para o câncer de próstata, juntamente com a alimentação rica em gordura animal. Além disso, "em países da Escandinávia e no Japão, a incidência é menor pela característica da dieta. Já nos Estados Unidos, onde se come muita gordura e fast food, há mais casos da doença", avalia Artoni.
Genética e etnia também estão entre os fatores que podem determinar a existência da doença. As indicações científicas ainda são poucas, mas já se sabe que os negros, por exemplo, são mais propensos ao surgimento do tumor. "O homem negro com mais de 40 anos tem 60% mais chances de contrair o tumor que outros indivíduos na mesma faixa etária. E existe um agravante: neles, os casos são ainda mais graves", adverte Artoni. A hereditariedade também deve ser levada em conta, e pacientes que tenham casos da doença na família devem estar ainda mais atentos aos exames preventivos.

Parceiras ajudam a superar preconceito


Nas ruas, uma boa parte dos homens que estão na faixa etária à qual os médicos recomendam o exame trata o assunto como um verdadeiro tabu, numa mescla de preconceito e medo. Alguns preferem nem falar sobre o assunto.
O autônomo Luiz Antônio de Oliveira, 42 anos, sabe que está na idade em que deve procurar um urologista para se prevenir contra o tumor na próstata. Mesmo ciente, ainda reluta quanto a fazer os exames. "Já passei dos 40 e deveria fazer. Mas é uma coisa meio desagradável, chata. Tenho medo, acho que é uma situação desconfortável", acredita.
As pessoas que não se sentem constrangidas a falar sobre o exame do toque lembram que o ato de prevenção contra o câncer de próstata é tão rápido e indolor que o assunto ganhou um contorno maior do que realmente deveria ter. "Acho que as pessoas têm resistência ao exame por ignorância mesmo. Quem está nesta faixa etária, em que a incidência do câncer na próstata é maior, e prefere não fazer pode ter conseqüências bem mais severas que apenas um diagnóstico indolor", adverte Mauro Humberto, 49 anos.
Ele já fez duas vezes a consulta com um urologista, a primeira em 2001, a segunda no ano passado. "Eu resisti uns quatro anos, mas depois fiz o PSA e o médico disse que era importante complementar a avaliação com o toque. Perdi o preconceito, apesar de ter muita timidez na hora e ser um pouco constrangedor. Mas é rápido, quando você percebe já acabou", relata.
Outro senhor de 47 anos, que prefere não ser identificado, também tem a consciência de que o exame de próstata é uma forma de garantir a sua saúde e longevidade após os 40 anos. "Qualquer homem nesta faixa etária está predisposto a ter um câncer na próstata. O preconceito pode retardar o diagnóstico do paciente e um pronto-tratamento", opina.

Exames

O exame de toque retal é aquele em que um médico especialista introduz o dedo indicador recoberto por uma luva no ânus do paciente afim de palpar a porção anterior do reto, região em que se localiza a próstata. Se há uma aumento da glândula ou a presença de endurecimento ou nódulos, o examinador pode definir aonde se localiza essa alteração e recomendar outros exames mais detalhados, para se descartar ou não a possibilidade de câncer.
O exame de ultra-sonografia ou ecografia transretal é um exame em que um transdutor (aparelho) é introduzido no reto do paciente através do ânus, A próstata e as outras estruturas pélvicas são visualizadas para se detectar alterações de tamanho ou forma.


Exame de toque retal um tabu para os homens

O câncer de próstata atinge geralmente homens acima de 50 anos, a doença se dá por meio do crescimento anormal e incontrolada das células da próstata que é uma glândula masculina localizada abaixo da bexiga, sendo responsável pela produção de parte do sêmen, líquido que carrega os espermatozóides produzidos nos testículos.
O câncer de Próstata é uma doença que provoca o crescimento anormal e incontrolado das células da próstata. Assim como qualquer outra doença, se diagnosticado no início o câncer de próstata é curável. Mas, uma vez ignorado pode se espalhar por outras partes do corpo tornando-se incurável. O aumento da doença se dá de forma lenta e sem apresentar sintomas.
Há duas maneiras de se diagnosticar o câncer de próstata, a mais comum é o exame de toque retal onde o médico insere o dedo com uma luva e lubrificante no reto e sente a próstata através da parede do reto na busca de alterações. A outra forma de análise é através do exame de sangue Antígeno Prostático Específico (PSA) que mede o nível de PSA nos homens com câncer de próstata, hiperplasia de próstata benigna ou infecção da próstata.
As características desta doença são dificuldades para expelir a urina, sangramento e dores ao urinar, seguido de dificuldades de ereção e ejaculação no ato sexual. Estes são os sintomas que devem servir de alertas para os homens, embora a presença de nódulos nem sempre signifique câncer maligno.
Assim como no caso das mulheres os homens mostram rejeição ao fazer o exame de toque, pois devido a maneira como ele é realizado. O pensamento machista muitas vezes fala mais alto que a própria saúde, o preconceito adia a consulta com o especialista e aumenta o risco do desenvolvimento da doença para um estágio incurável. Um simples toque faz a diferença, quanto antes a doença for detectada maiores serão as chances de cura.


A vida após o câncer de próstata

Saiba como é a recuperação dessa cirurgia que assusta tanto os homens

O exame de próstata ainda é um tabu entre os homens, que precisam fazer o exame anualmente após os 50 anos para detectar precocemente o problema. Quanto mais tardio for descoberto, maiores são as consequências, podendo levar o paciente à morte.

Em homens que têm histórico da doença na família, é bom começar a se precaver a partir dos 45 anos. Mas não é nada desesperador. Com as novas tecnologias da medicina, a recuperação é cada vez mais rápida e menos incômoda.

Quem tem câncer que não saiu da próstata pode optar pelo tratamento com radioterapia ou bracterapia (implante de semenetes radiotivas na próstata), sem precisar operar. “A cirurgia é o processo mais utilizado e mais bem estudado no controle do câncer. Mas tem efeitos colaterais”, afirma o professor de Urologia da Escola Paulista de Medicina Fernando Almeida.

Os efeitos pós-cirurgia

A consequencia mais frequente é a disfunção erétil. Quanto mais jovem o paciente, menor o número de casos. “Também é um quadro que vai melhorando até completar um ano da cirurgia, e ocorre entre 40% e 50 % dos pacientes”, diz. “O homem, se precisar, pode ter ajuda com medicamentos que estimulem a ereção”.

“Existe, ainda, a possibilidade de prótese peniana”, explica Fernando. “Há uma que é mais rígida, e o homem tem ereção constante. E tem as que são infláveis, através de um dispositivo colocado durante a cirurgia e, na hora da relação sexual, deve ser pressionado, mas é imperceptível”. De acordo com ele, a opção vai depender do quadro de cada paciente.

Outro problema enfrentado após a cirurgia é a incontinência urinária. “Isso acontece entre 5% e 10% dos casos, nos primeiros meses até um ano, mas, na maioria das vezes, isso se resolve em seis meses”.

Além disso, alguns pacientes têm a impressão de que o pênis fica menor depois de realizar a cirurgia. Mas isso não é verdade. “O pênis tem vários estados, dependendo da irrigação sanguínea. Se está frio, ele fica mais retraído. Se está calor, ao contrário… O que acontece é que o homem pode perder alguns reflexos com a cirurgia, por isso tem a impressão de que o tamanho está alterado, mas não está”, afirma o médico.

Já passei por isso

João, 64 anos, realizou a operação há pouco mais de 5 anos e comemora ter saído do período de risco do tumor voltar. “Ainda faço exames de sangue periodicamente para saber se não há nenhuma alteração, mas, graças a Deus, me curei completamente”, diz ele que, na época, ficou apavorado com o diagnóstico de câncer de próstata e realizou a cirurgia.

“Depois da cirurgia, fiquei três dias no hospital e fui para casa, com uma sonda que recolhia a urina em uma bolsa, durante duas semanas. Era extremamente desagradável ficar com uma sonda na uretra. Dá muito mais aflição do que incômodo, propriamente dito”, explica ele que, nessa fase, não saía de casa e não podia fazer esforços.

Com a retirada da sonda, nem tudo foi fácil, pois ele passou a sofrer com a incontinência urinária. “Não conseguia segurar a urina. Mas eu até dava risada dessa situação, pois estar vivo e livre de um câncer era muito mais importante do que qualquer outra coisa. Por um tempo, dormia de fraldas geriátricas e, aos poucos, meu controle sobre a urina foi voltando”, lembra ele que, em nove meses, já voltara completamente ao normal.

A parte mais difícil de comentar, para João, é a sexual. “Perdi a ereção por um tempo, depois, voltei a ter. Mas não é a mesma coisa. Outro aspecto que me impressionou demais foi que, com a retirada da próstata, o tamanho do pênis parece que diminuiu, mas meu médico disse que eu não notaria mais isso quando voltasse a ter ereções. Ele tinha razão”. Após fazer uso de medicamentos que estimulam a ereção: “Hoje consigo ter uma vida sexual boa, levando em consideração que sou um homem de 64 anos”, brinca.

Ele finaliza estimulando os homens a fazerem o exame. “Falo sempre para o meu filho que, quando ele ficar mais velho, que faça o exame sem essas bobagens de preconceito. E ele ainda deve começar mais cedo, por causa da predisposição genética”, diz. “O exame é desagradável, mas necessário. Pode ter certeza que é muito menos desagradável do que ter um câncer que se espalhe pelo corpo todo por causa de um tabu sem sentido”.

Dica da Comparasa Jackie

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